
Por Francis Ivanovich:
Chegou a época do reflorescimento, deixemos para trás, para o nunca mais, os tempos da terra árida em que nossos pés descalços caminharam perdidos, sob a sombra gélida da morte.
Olhemos para o horizonte, onde o Sol se levanta sobre um campo florido repleto de crianças a brincar outra vez sem medo das serpentes.
Saudemos as flores que cintilam suas cores, que germinam na promessa sagrada de frutos e farta colheita.
Que a nossa terra se livre dos corvos, pragas e dos ceifadores de dentes e línguas afiadas.
Um girassol na lapela, um lírio como gravata, borboleta como gesto, uma rosa ou uma margarida nos cabelos…
A nossa casa de novo acesa, com pão na mesa, e um gole de vinho na alma ressequida, ainda sofrida por tanta tristeza passada.
A Primavera chega e gentilmente bate à porta, ornando nossas janelas, perfumando nossos sonhos, o jardim que nos habita e protege.
A Primavera anuncia o término de um inverno cruel, injusto, alegrando nossos corações sofridos outra vez, enxugando nossas lágrimas, espantando nossos medos.
Salve a Primavera com seu doce perfume de liberdade, com seu canto contra a iniquidade, nos aquecendo com esperança e igualdade a nossa fome por justiça.