Beethoven: botijão de gás de cozinha e telemarketing

Por Francis Ivanovich:

Beethoven jamais imaginou que um dia sua composição Für Elise (Para Elise) seria o aviso de que o caminhão carregado com botijão de gás de cozinha (que o povo hoje não tem condições de comprar) estaria chegando à uma das ruas brasileiras, ou que ela seria utilizada como uma espécie de tortura sonora para o cliente na fila de espera de atendimento no serviço telemarketing.

Fui pesquisar e encontrei uma interessante reportagem publicada em 2020 pela DW alemã, escrita em português, sobre como essa história de utilizar a composição de Beethoven surgiu. Vale ler.

Für Elise é considerada Bagatela, expressão que na música significa uma breve composição musical, informal, ligeira, normalmente destinada ao piano. É um gênero que se popularizou no período do Romantismo.

A expressão provém de bagattella, do italiano, que significa “coisa sem importância”. A palavra se formou, em italiano, a partir do baixo latim baga (pequeno fardo ou trouxa).

Hoje vivemos tempos de Bagatela. O que vemos por aí é algo sem pretensão, profundidade, rigor, sem a menor importância, se tornar num fenômeno de popularidade, arrebanhando milhões de seguidores trouxas, graças a Internet.

Beethoven talvez tenha sido o primeiro artista que criou um jingle, Für Elise, um ritmo além do seu tempo, que até no funk funciona de maneira impressionante.

Há uma teoria de que “Für Elise” foi dedicada a cantora austríaca Therese Malfatti, em 1810. Beethoven a pediu em casamento e foi rejeitado; e que a composição tinha o título original de “Für Therese” (para Therese), mas que uma tradução equivocada consagrou Elise.

Quando você ouvir Für Elise avisando de que o caminhão do gás está na área ou esperando o mecânico atendente do telemarketing, lembre-se de que o criador é um dos maiores gênios da música de todos os tempos; um artista de verdade.

O exemplo serve para a gente pensar sobre o que realmente tem importância e valor na arte e na vida.

Os bons sempre ficam, as más Bagatelas passam, a gente esquece. Já ” Für Elise virou chiclete.

O caminhão do gás chegou!

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