Mutare é preciso!

Foto por Ketut Subiyanto em Pexels.com

Por Francis Ivanovich:

A palavra “mudar” vem do latim “mutare”. Mudar é comumente utilizado por nós. Quantas vezes você disse para si mesmo ou ouviu de alguém próximo a frase “preciso mudar”. A vida não é mesmo imutável. Os segundos, minutos, horas, dias, anos, séculos mudam e a gente muda com eles.

Um dos momentos que mais nos transformam é a mudança de casa. Mudamos para uma outra casa, nova rua, um novo bairro, distante cidade ou país; essa mudança da geografia nos transforma, nos embala, nos sacode como poeira.

Uma amiga recentemente comprou um apartamento, no mesmo prédio que morava há mais de 20 anos; mudou apenas de andar, mas parece que ela mudou de país. A mudança do espaço nos sacode, por dentro e por fora, nos obrigando a se desfazer de cacarecos da alma e velhas mobílias no coração.

Eu já mudei de casa pelo menos umas 20 vezes, ou mais. Já morei em vários bairros no Rio e também fora do Rio. Sou um craque das caixas de papelão que pedimos nos supermercados da esquina.

Acabo de mudar outra vez, estou num bairro que me impõe novos desafios, descobertas, sons, cheiros, vizinhos, comércio local, problemas, e natureza.

A casa nova com sua arquitetura ainda desconhecida para os sentidos, para os pés, as mãos, vai se revelando aos poucos, acomodando o corpo dentro dessa caixa de habitação feita de tijolos. Somos também objetos de mudança a serem transportados pelo caminhão da esperança de dias melhores.

Tem gente que detesta mudança!

Eu gosto de mudar, porque mudar implica em coragem e desprendimento, disposição para o novo, a desabituação das mesmices e o sagrado milagre da ressureição de si mesmo. Sou um “mudador” de carteirinha

Hoje, domingo, acordei bem cedo, abri a janela e vi o amanhecer deste bairro antigo. Dei conta do incrível espetáculo que debruçou-se na janela. Me senti um turista que vê real a paisagem do cartão postal. Logo, a paisagem será a mesma. Somos assim.

Ao sair à rua, eu e os paralelepípedos conversamos, as pedras ecoando meus passos reticentes e inaugurais no terreno deserto, como astronauta que pisa pela primeira vez o solo de um planeta longínquo.

Concluí que mudar de casa não é tão difícil, desafio mesmo é mudar a você mesmo; jogar fora o que já não serve, abrir as portas de novas paisagens de ser, e renovar o endereço com CEP do que você acredita.

Realmente, muatare é preciso!

Bom domingo!

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